quinta-feira, 31 de maio de 2012
Aeroportos: privatização ou concessão?
Havia publicado aqui o duro artigo do Blog do Miro sobre o leilão dos aeroportos, o fiz mais pelo seu apelo do que por sua análise, porque o que foi tratado sobre a operação nos aeroportos não pode ser chamada de privatização, tão pouco uma privatização à la tucana, muito menos ainda uma privataria.
Transformar concessão em privatização é realmente um desespero duplamente desqualificado: silenciar a inconveniente crítica às privatizações e tentar embargar ao máximo a cpi da privataria, chegaram a falar de “privataria petista”! Há algo entre a privataria e as privatizações difícil de ser ignorado: o código penal. A CPI não investigará a desastrosa dilapidação do patrimônio público, que é imoral mas infelizmente não é ilegal, mas os crimes bilionários de favorecimento e lavagem de dinheiro documentado no livro A Privataria Tucana.
Vejamos, um contrato de concessão de um serviço com 49% de participação pública, com presença de fundos de pensão públicos e com ágio de 673% é um tanto diferente da pilhagem de grandes empresas lucrativas públicas vendidas a preço de banana 100% pagas com financiamento público via BNDES e uma lavanderia serristta ao lado. Nada poderia ser oposto do que foi feito com o leilão de concessão de alguns aeroportos. A tucanada chegaram a citar o BNDES no leilão, mas o BNDES só entrará como financiador dos investimentos (exigidos em contrato), algo que qualquer grande empresa tem acesso no país.
A questão é: porque Dilma simplesmente não refutou a alcunha “privatização”? Eis a questão! Aparentemente faz parte da distensão, como sua aproximação com o FHC, ou sua defesa do “barulho da imprensa livre”, etc. É nesse ponto que o artigo do Blog do Miro tem relevância, questionar até que ponto a distensão tensiona o seu próprio eleitorado.
A diferença entre privatização e concessão é a mesma que vender e alugar, mesmo dentro do prazo contratual para a exploração privada, os aeroportos permanecem como patrimônio público. Por isso a insuspeita de estatismo Miriam “Leitão” fez o maior apologia que a Dilma poderia receber, definiu o contrato como “muito estatista”, isto é, ela declarou a vitória do interesse público. Se há algum companheiro na esquerda que duvida da diferença, a insuspeita de estatismo Míriam Leitão é mais do suficiente.
Porém, sabemos que uma concessão pode se renovar indefinidamente a ponto de se confundir com uma grilagem tal como assumiu as concessões de radio-difusão à Globo. Por isso, é importane frisar que sua grande vantagem está mais nas condições específicas que vai desde a participação pública de 49% até o ágio de 673% e todas as vantagens públicas do contrato, do que meramente se tratar de um “aluguel”, por mais que isso seja também muito relevante.
A distensão não é apenas ceder para a direita. Quando Dilma deixa o “carnaval privatista” nas mídias se lambusarem com os aeroportos, o que ela faz é nada mais do que denunciar as falácias da oposição dentro das grandes mídias aparelhadas pela oposição, revela aos que estão de boa fé com a oposição, o caráter sórdido, vazio e contraditório do discurso opositor, se desmoralizando com o ataque daquilo que defendiam.
Dilma sabe a quem deve atrair, não é a patuscada de Bolsonaro, mas se concentrar apenas nos trabalhadores, a classe média progressista e o empresariado nacionalista, os 80%. O resíduo pode e deve permanecer na oposição, pois servirá para afastar o que restar de eleitores “normais” dentro da oposição ao sentirem repulsa com o que a oposição está se tornando.
O PSDB muito em breve se tornará um partido de ultra-direita se não fizer aquela tão pendente auto-crítica de sua degeneração neoliberal nos anos 90 e retomar as suas fundações social-democratas. Fora isso, deverá se conformar com os 13% de eleitores do PIG que definiram em pesquisa o ex-presidente Lula como ruim ou péssimo. Eles sabem muito bem o que significa a palavra “Lula” dentro da propaganda política do PIG, isto é, essa pesquisa delimita muito bem o poder de influência do PIG.
Considerando que Dilma já é relativamente mais popular do que Lula, então…
Leia mais: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/privatizacao-e-concessao
Fonte: Communard
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