quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A USP deve ter autonomia, sim!

publicado em 31/10/2011
Por Lincoln Secco
Fonte Vi o Mundo, em 20/10/2011

Não é comum ver livros como armas. Enquanto no dia 27 de outubro de 2011 a imprensa mostrou os alunos da FFLCH da USP como um bando de usuários de drogas em defesa de seus privilégios, nós outros assistimos jovens indignados, mochila nas costas e livros empunhados contra policiais atônitos, armados e sem identificação, num claro gesto de indisciplina perante a lei. Vários alunos gritavam: “Isto aqui é um livro!”.
Curioso que a geração das redes sociais virtuais apresente esta capacidade radical de usar novos e velhos meios para recusar a violação de nossos direitos. No momento em que o conhecimento mais é ameaçado, os livros velhos de papel, encadernados, carimbados pela nossa biblioteca são erguidos contra o arbítrio.
Os policiais que passaram o dia todo da última quinta feira revistando alunos na biblioteca e nos pátios, poderiam ter observado no prédio de História e Geografia vários cartazes gigantes dependurados. Eram palavras de ordem. Algumas vetustas. Outras “impossíveis”. Muitas indignadas. E várias poéticas… É assim uma universidade.
A violação da nossa autonomia tem sido justificada pela necessidade de segurança e a imagem da FFLCH manchada pela ação deliberada dos seus inimigos. A Unidade que mais atende os alunos da USP, dotada de cursos bem avaliados até pelos duvidosos critérios de produtividade atuais, é uma massa desordenada de concreto com salas superlotadas e realmente inseguras. Mas ainda assim é a nossa Faculdade!
É inaceitável que um espaço dedicado à reflexão, ao trabalho, à política, às artes e também à recreação de seus jovens estudantes seja ameaçado pela força policial. Uma Universidade tem o dever de levar sua análise crítica ao limite porque é a única que pode fazê-lo. Seus equívocos devem ser corrigidos por ela mesma. Se ela é incapaz disso, não é mais uma universidade.
A USP não está fora da cidade e do país que a sustenta. Precisa sim de um plano de segurança próprio como outras instituições têm. Afinal, ninguém ousaria dizer que os congressistas de Brasília têm privilégios por não serem abordados e revistados por Policiais. A USP conta com entidades estudantis, sindicatos e núcleos que estudam a intolerância, a violência e a própria polícia.
Ela deve ter autonomia, sim. Quando Florestan Fernandes foi preso em 1964, ele escreveu uma carta ao Coronel que presidia seu inquérito policial militar explicando-lhe que a maior virtude do militar é a disciplina e a do intelectual é o espírito crítico… Que alguns militares ainda não o saibam, é compreensível. Que dirigentes universitários o ignorem, é desesperador.
*Lincoln Secco é professor livre-docente de História Contemporânea da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O autor também é membro do Conselho Editorial da revista Perseu e colaborador da revista Teoria e Debate

quinta-feira, 2 de junho de 2011

PICADEIRO DA GREVE

Mais uma vez a população de São Paulo sai às ruas com uma bolinha vermelha no nariz, mas não é de frio!
Já não bastasse o aumento abusivo da tarifa do transporte coletivo, imposto pelos nossos governantes, tarifa essa paga por um transporte de péssima qualidade podendo ser comparado com caminhões boiadeiros e comboios de boi. Chega nesses ultimos dois dias a paralisação dos funcionários da CPTM e das empresas de ônibus do grande ABC. deixando vários usuários sem opções de chegarem aos seus locais de trabalho, de apresentar-se às suas consultas médicas (que custaram a marcar) e de freqüentarem suas escolas e universidades ou seja deixaram de cumprir com seus compromissos.
Até quando temos que suportar esse descaso??
Acorda população!!!
Vamos deixar de comodismo, achar que tudo vai bem, aceitar ferro e pagar por ouro. Chega de hipocrisia, o troco tem que ser dado nas urnas.