quarta-feira, 6 de novembro de 2024

As Ideologias no Mundo: Um Olhar sobre a Ascensão da Extrema Direita entre os pobres e o Ciclo de Governos

 


No cenário político mundial, as ideologias de direita e esquerda moldam as direções dos governos e refletem as anseios de sociedades inteiras. No entanto, um intrigante ganhou destaque nas últimas décadas: o crescimento de movimentos de extrema direita e a adesão de setores mais pobres a essas ideologias. Essa dinâmica revela a complexidade do ciclo de governos e a busca de uma parcela da população por soluções que, muitas vezes, parecem contraditórias

Os Fundamentos das Ideologias: Esquerda e Direita

Historicamente, a divisão entre esquerda e direita se fundamenta em prioridades distintas: a esquerda enfatiza políticas de justiça social, equidade e inclusão, com forte apoio a programas sociais e uma maior intervenção do Estado na economia. Por outro lado, a direita tende a priorizar o mercado livre, a propriedade privada e um Estado menos intervencionista, que, segundo seus defensores, estimula o empreendedorismo e

Essa polarização de ideologias tem suas raízes no pós-guerra, mas, ao longo dos anos, as nuances dessas posições foram se misturando. Atualmente, tanto governos de esquerda quanto de direita adotam políticas que variam conforme o contexto, não necessariamente se mantendo fiéis a uma ideologia única. Isso tem gerado frustração e contribuído para a alternância constante de poder em muito

O Ciclo de Governos e a Frustração Popular

No entanto, os desafios económicos e sociais são complexos, e as promessas de campanha muitas vezes mostram dificuldades de cumprimento. As limitações orçamentárias, as pressões internacionais e as crises econômicas costumam frustrar as expectativas da população. Esse ciclo cria um ambiente onde propostas radicais ganham força, pois são vistas como alternativas ao que muitas falhas dos modelos tradicionais

A Ascensão da Extrema Direita entre os Pobres

Um aspecto que chama atenção é o apoio dos setores mais pobres aos movimentos de extrema direita. Embora esse apoio possa parecer contraditório, pois políticas conservadoras costumam favorecer grupos privilegiados, há razões para essa adesão. Para muitos participantes da baixa renda, a extrema direita representa uma ruptura com o sistema que eles consideram falho. As promessas de ordem, segurança e patriotismo atraem pessoas cansadas do que percebem como promessas vazias de governos anteriores.

Essa adesão é alimentada por um sentimento de frustração e descrição em relação aos partidos tradicionais, especialmente os de orientação progressista, que muitos acreditam não terem cumprido suas promessas de inclusão e desenvolvimento. As mensagens da extrema direita, focadas em uma visão simplificada e direta dos problemas, apresentam uma "solução rápida" para questões complexas, como a criminalidade, o desemprego e a perda de valores culturais, temas que ressoam fortemente entre as populações mais vulneráveis

Outro fator importante é o discurso anti-elite promovido por esses movimentos. A extrema direita frequentemente adota uma retórica que denuncia as “elites intelectuais” e “políticas” como distantes da realidade da população comum. Para os políticos pobres, que se sentem excluídos dos benefícios das políticas sociais e do crescimento econômico, essa narrativa cria uma identificação com esses grupos, que promete "devolver o poder ao povo". Esse discurso reforça a ideia de que a extrema direita pode oferecer uma voz e um espaço para aqueles que acreditam não ser o

No entanto, muitos especialistas alertam que esse apoio pode se voltar contra esses mesmos setores, uma vez que políticas conservadoras rigorosas frequentemente priorizam cortes de benefícios sociais e limitações de direitos trabalhistas. No longo prazo, a adesão à extrema direita por parte das camadas mais pobres pode resultar em maiores desigualdades e dificuldades econômicas, perpetuando um ciclo de exclusão.

Isso reflete a complexidade das escolhas políticas atuais e evidencia o papel crucial das lideranças políticas na criação de políticas inclusivas e eficazes que podem de fato responder às necessidades de todas as camadas da população, quebrando o ciclo de promessas vazias e desilusões.

Esses participantes frequentemente se identificam com discursos nacionalistas e anti-establishment, que se posicionam contra as elites políticas e intelectuais. A extrema direita adota uma retórica populista, prometendo devolver ao "povo" o controle sobre suas vidas, e tem sucesso ao capitalizar a insatisfação daqueles que se sentem excluídos dos benefícios do crescimento econômico

As Consequências do Novo Cenário Político

A ascensão da extrema direita em diferentes países, impulsionada pelo apoio de grupos de baixa renda, gera impactos significativos. Esses governos, uma vez no poder, implementam políticas rígidas contra a imigração, defendem a valorização do nacionalismo e aplicam medidas de segurança pública mais severas. No entanto, ao contrário das promessas de melhorias, essas políticas muitas vezes aumentam a desigualdade social, intensificam o esforço racial e limitam a liberdade de expressão

Os analistas apontam que, ao falharem na resolução dos problemas estruturais que podem enfrentar, os governos de extrema direita contribuem para um novo ciclo de insatisfação. Esse movimento tende a alimentar o retorno de propostas progressistas e democráticas, criando um ciclo contínuo de mudanças ideológicas e promessas de renovação

O Futuro da Política Global

O ciclo de governos e a adesão à extrema direita entre os mais pobres representam uma mudança profunda na forma como a política é conduzida e realizada. Esse cenário desafia tanto os movimentos de direita quanto de esquerda para entender as verdadeiras demandas das leis, indo além de slogans e promessas superficiais. A necessidade de políticas que equilibrem a eficiência econômica com a inclusão social é cada vez mais urgente.

A busca por estabilidade, segurança e bem-estar é comum a todas as ideologias. Porém, o caminho para alcançar esses objetivos ainda é motivo de debate e continua a ser moldado pela alternância de poder entre direita e esquerda, em um ciclo de expectativas e frustrações. Cada novo governo surge com promessas de resolver os problemas deixados pelo anterior, mas muitas vezes esbarra nas mesmas limitações estruturais, levando ao desencanto popular.

Esse desencanto ocorre quando as promessas de campanha se revelam difíceis de cumprir, e as soluções apresentadas não atendem plenamente às necessidades da população. Problemas complexos, como a desigualdade, a segurança e o desenvolvimento econômico, as políticas de exclusão de longo prazo e o comprometimento contínuo, algo que nem sempre sobrevive à troca de lideranças e mudanças de prioridades. Como resultado, a população sente frequentemente que suas demandas são deixadas de lado ou abordadas de forma superficial, reforçando uma sensação de abandono e descrédito nas instituições.

Essa insatisfação alimenta uma busca constante por novas alternativas e lideranças, com a esperança de que, finalmente, um governo possa superar os obstáculos que estão profundamente enraizados nas estruturas sociais e políticas.

                                                                                          Wilson GJ